Iniciativa para a Integração da Infra-Estrutura Regional Sul Americana (IIRSA)

A "Iniciativa para a Integração da Infra-Estrutura Regional Sul Americana (IIRSA)" é um projeto ambicioso, que visa promover a integração do continente, através do melhoramento da infra-estrutura de transporte, energia e telecomunicações, em toda a região. Ao ser implementada, a IIRSA irá conectar as áreas de recursos naturais da América do Sul aos grandes centros metropolitanos e ao mercado internacional.

  1. A IIRSA, criada em 2000 pelos presidentes dos dozes países da região, reunidos em Brasília, avança à medida que subprojetos são aprovados pelos países envolvidos e recursos financeiros lhes são alocados.
  2. A IIRSA prevê a reorganização do cenário do continente, através do desenvolvimento de sua infra-estrutura de transporte terrestre, aéreo e fluvial; de oleodutos e gasodutos; de hidrovias; de portos marítimos e fluviais; de linhas de transmissão de força e cabos de fibra óptica, além de outros megaprojetos para todo o continente.
  3. Os projetos de infra-estrutura são organizados em 12 "Eixos de Integração e Desenvolvimento (EID)"—zonas produtivas multinacionais para as quais devem afluir investimentos destinados a incrementar o comércio e criar cadeias produtivas conectadas a mercados globais.
  4. Um objetivo básico do projeto é facilitar o acesso aos recursos naturais da América do Sul e torná-los disponíveis a mercados externos.
  5. Os investimentos totais previstos para a IIRSA são de US$ 37 bilhões, com financiamentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e de instituições financeiras subregionais, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Brasil, e a Corporação Andina de Fomento (CAF).
  6. Os idealizadores do IIRSA vêem a América do Sul como um arquipélago com cinco "ilhas" distintas: a Plataforma do Caribe, a Cordilheira dos Andes, a Plataforma do Atlântico e os Enclaves Amazônicos do Centro e do Sul. Os eixos de integração e desenvolvimento visam a unificação dessas ilhas, através da eliminação das "barreiras" naturais, como se diz na linguagem tecnocrática.
  7. Para superar barreiras legais e normativas, os idealizadores da IIRSA preconizam a desregulamentação e a homogeneização das regras, de forma a adaptar legislações nacionais às necessidades do comércio internacional. Isso enfraquece a autonomia nacional e regional na definição de políticas e fortalece o poder de controle das multinacionais e dos governos dos países desenvolvidos.
  8. Os projetos da IIRSA beneficiam sobremaneira as corporações multinacionais que "desenvolvem" os recursos do continente, ao mesmo tempo em que causam danos sociais e ambientais irreversíveis.
  9. A IIRSA vai aumentar o poder do Brasil e de outras grandes nações e enfraquecer ainda mais a autonomia da Bolívia e outros estados marginalizados.
  10. A IIRSA é projetada para fornecer a infra-estrutura necessária para o comércio e os investimentos sob a liderança de grandes corporações.
  11. Ao facilitar o acesso aos minguantes recursos naturais da região, a IIRSA vai promover a exploração excessiva de recursos e levar ao rápido esgotamento das reservas de petróleo e gás natural, na ausência de planos de desenvolvimento nacionais e regionais que permitam à América do Sul se beneficiar efetivamente de suas fontes energéticas.
  12. A IIRSA está avançando silenciosamente, sem um debate público—sem participação da sociedade civil ou de movimentos sociais e sem liberação de informações pelos governos.
  13. Se a implementação continuar como planejada, a IIRSA irá se tornar um grande projeto de remodelação da América do Sul, que irá beneficiar elites regionais e corporações multinacionais, deixando a maioria pobre às margens do quadro de desenvolvimento.

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